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29 de jun. de 2012

O abrir das pernas


É quando as pernas se descruzam, estalam o salto no chão, fixam toda a força do corpo nos pés, levantam-se e dão o primeiro passo. É quando as pernas se abrem e dançam, balançam, quanto caminham em uma direção. Se exibem, se mostram, vão atrás da felicidade, correm atrás de um amor mal resolvido, de uma nova chance, de um futuro melhor.
 Aqui tem pernas que se abrem para comer, para alimentar e se alimentar. Pernas que se abrem por abrir, reluzentes a um diamante, no banco do carona de uma Mercedes qualquer. Pernas que se abrem ao máximo, para dar volta ao mundo, para chegar no último degrau. Pernas que sobem de cargo, seduzem o chefe. Pernas que já se cruzam na  chefia, pernas que pisam na lama, que se abrem pra pular buracos, escalar montanhas.
  O abrir das pernas que trás vida, que passa todo um ser humano, uma nova luz. O . milagre. Pernas que se travam na cadeira, que não andam, mas tem vida no peito. O mover das pernas que não existem, que não nascem, mas que não deixam de correr atrás dos seus sonhos. Todas as pernas que comandam, que fazem acontecer. As pobres pernas das putas e dos filhos da puta, que passam em frente aos carros depois de mais um assalto. As pernas que não pararam o carro, se estiraram no chão. As pernas em pé, num transporte, parado no trânsito. Tudo em pernas que sustentam o mundo e é com elas que se vai mais além.

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