Eu selecionei alguns textos que poderiam ser lidos no dia da minha morte, na frente dos meus entes queridos. Palavras que possivelmente confortariam, mas não seriam propriamente minhas ou pra mim. Eu separei algumas frases que eu gostaria que fossem usadas na minha lápide, só pra enfeitar, sem algum efeito sobre alguém. A gente nunca espera que a morte chegue, até que um dia ela te surpreende, até que um dia suas palavras calam-se para sempre e então nada mais nos resta, apenas lembranças.
Na maioria das vezes a gente nem percebe que quantas coisas são ditas antes de morrermos e quantas palavras são desperdiçadas, quantas frases vazias são jogadas ao vento e muitas vezes ferem alvos que sequer estavam na mira.
Ninguém sabe ao certo o que acontece com o nosso silêncio quando morremos, ou pra onde vão as palavras que já foram ditas. Ninguém sabe o que acontece com o silêncio ou se alguém já conseguiu interpretar o silêncio e entender que somos muito mais do que palavras. A gente se perde tanto em desculpas e motivos, criando problemas e procurando soluções. A gente passa por cima de tanta coisa e atropela momentos, não procura demonstrações, não sabe ao certo o que quer.
Será que realmente precisamos até das palavras na hora da morte pra consolar que ficou aqui? O que fazemos para mostrar que não há uma palavra no mundo capaz de traduzir o que passa dentro de um sentimentos e que mostramos o mesmo a quem queremos bem? Será que somos tão egoístas que até a nossa morte tem que ser sentida por uma publicação num mural e uma frase mal pensada? Porque é tão fácil dizer tanta coisa, porque é tão simples ofender, dizer, gritar ou simplesmente não dizer o que você achava certo por medo da resposta e depois, manda um livro em forma de SMS por medo de colocar a cara a tapa, por medo de tentar...
Até o dia do fim, o dia em que a morte vai nos calar para sempre, vai silenciar e levar junto com ela todas aquelas coisas que não fomos humanos o suficiente para dizer, para expressar e pior que isso é saber que quem ficou por aqui, só vai descobrir o que você realmente sentia por ela, através de uma carta, uma frase, um texto qualquer.
Eu separei algumas palavras para serem ditas no dia da minha morte, não é nada exclusivo, mas é real: "Daqui só levo o amor que cultivei dentro do peito, das pessoas que eu amo, não quero lágrimas. Lembre-se do que eu fiz e não do que eu disse.".
29 de abr. de 2013
24 de abr. de 2013
Dúvidas de Tempo
A gente vai
crescendo e vem surgindo as “dúvidas de tempo”. Fico impressionada como podemos
nos surpreender com quão velocidade nossos pensamentos mudam, as opiniões
divergem e a mágoa passa. A gente se mutila tanto por problemas tão vazios sem
se preocupar com o que realmente interessa, como o autoconhecimento.
Eu me
admiro por assim dizer, me considerar sobrevivente, fui afetada pelo mal da
humanidade. Deixei que um vírus
dominasse minha mente e controlasse meus sentidos. Deixei que o erro dos outros
me causasse dor, deixei de dormir para pensar em soluções, deixei de amar por
medo, deixei de sonhar por medo da queda, deixei de viver por não querer saber
como realmente se vive. Eu fui comida viva por parasitas insanos que por tempos
insistiram em me maltratar, quase me tornei fraca, não era mais eu e minha
opinião, tudo era choro e mágoa.
Eu me culpei por tanta coisa que nem cabia a
mim saber e como sofri pela dor de
outros. Eu não conseguia perdoar ninguém, por simplesmente não saber perdoar e
não livrava minha alma de pecados que eu cometia em sonhos. As dúvidas de tempo
não apagam todos os pensamentos que já passaram pela minha memória e nem
garante que nenhum deles possam não voltar, elas amenizam a dor, fazem um
curativo em sangues ainda não coagulados e oferecem um pouco de conforto a pensamentos cansados e problemas sem
resolução. Eu sobrevivi a todos os monstros e vermes que viviam dentro de mim e
se alimentavam do meu medo e das minhas incertezas. Eu sobrevivi quando mudei
meu caminho e os meus valores, pois parte do que me mantinha era feita de
dúvidas e a outra parte era curada pelo tempo.
11 de abr. de 2013
Eu descobri que te amava
Eu entendi que o amava não no dia em que ele disse que me amava ou quando nos beijamos pela primeira vez. Não foi na primeira vez que acordei e vi seu rosto e seu sorriso, não quando senti a segurança do seu abraço...
Eu descobri que o amava quando você disse que sua maior felicidade era ver a minha felicidade, mesmo que não fosse com você.
Eu descobri que te amava, quando você disse que o mundo não seria o mesmo se eu não existisse e pediu para que eu lutasse pela minha vida da mesma forma como você lutou por mim.
Eu descobri que te amava, quando pensei em você assim que abri os olhos e em todas as noites que não dormi pensando em você.
Eu descobri que te amava quando me senti tão cheia e completa que quase não sentia meu peso. Quando todas as árvores deixaram suas folhas cair para que pudesse nascer novas folhas e com outras cores. Assim que eu percebi que havia deixado de dizer EU para começar a dizer NÓS.
Quando eu me permiti deixar de fazer sentido e me perdi, me encontrando em você e na vida que eu queria levar com você...
Eu não descobri que te amava quando me dei conta de que você era o príncipe encantado que eu nunca quis encontrar, eu descobri que te amava quando beijei o sapo que eu queria transformar.
2 de abr. de 2013
Peito Pra Quem Gosta
Bem, dizem que é feio falar “peitos”, preferem
seios, acham que é a mesma coisa. Há quem diga que não, há quem nem saiba a
diferença. Mas aqui paro e penso. Mulheres machistas que reclamam que os homens
só olham os peitos antes de olhar seus olhos e mulheres feministas que dizem
que muitos homens não reconhecem que sem meter os peitos no problema, nunca
encontrariam uma solução.
Eu, por
toda a minha vivência acredito que sim, que se nunca metermos os peitos nunca saberemos
se a vida vai ou não mudar e se as coisas podem ser de outra forma. Viver de
conformismo dá trombose, atrofia as pernas, a alma e o coração. Peito pra quem
tem peito de encarar tudo com o pensamento positivo e um copo meio cheio de
Coca-Cola. Peito pra quem abre sua opinião praquilo que é bom e que vale a pena
ser ouvido. Peito pra quem cultiva borboletas dentro de si, pra quem quer
espalhar para o mundo a sua coragem em forma de peito. Seios pra quem não sabe
mais o que é ter, pra quem teve peito de perder o peito, pra quem fez do peito
a superação.
Pra quem
gosta de peito, observe e aprenda, saiba a usar todo o peito a seu favor, sem exibicionismo,
sem capitalismo, sem naturalismo, com pudor. Saiba fazer do peito-pátria a sua
fortaleza, sua estrutura de moral. Porque peito é pra quem assume ter peito,
pra quem gosta da razão. Porque tem que ter muito peito pra dizer de quem se
ama e se vai ou não lutar por ela, seja por peitos iguais ou peitos distintos.
É ter classe de subir ao mundo e declamar todo um amor que requer peito-pulmão
pra se expressar, pra sobreviver. E é muito mais do que isso, é um peito que
nos falta, que não há procura, que morrem grudadas na pele só pra amamentar,
pra sugar, pra ligar a vida. Não é só
esse peito, e sim todos, e sim todas e de quem um dia toma coragem e bate no
peito.
Assinar:
Postagens
(
Atom
)