Eu parei na praia, ali no começo da areia aos pés de
Iemanjá. Queria agradecer, mas não sabia o que realmente queria agradecer, eu
não sabia por onde começar a agradecer. Então me virei para o mar, olhei as
ondas e o infinito que tem atrás do arrebentar da maré. Vendo todo aquele mar
escuro, frio e agitado, eu sabia o que queria agradecer. Era a chance do ir e
vir das ondas da minha vida. A oportunidade de deixar uma maré violenta chegar
e colocar toda a minha vida de cabeça para baixo. Eu agradeci a calmaria do
beijo entre a água e a areia e a forma delicada da aproximação quando eles se
encontram. Eu agradeci a água gelada que vinha para me acordar por inteira e as
violentas ondas que me afogavam,
mostrando que, era preciso colocar a cabeça para fora e respirar com toda a
força se eu quisesse sobreviver e lutar.
Eu ali,
para olhando, sabia que não era em vão, que na verdade não tinha um motivo
concreto para agradecer, o que existia na verdade era um “obrigado” por sempre
termos motivos para continuar, para recomeçar, para colocar um fim naquilo que
faz mal e trilhar um novo caminho. E entendi, que na vida não temos tempo para
parar e agradecer, pois tudo é desconhecido e as forças vêm de dentro de
nós, da alma, de motivos. Não importava,
Iemanjá sabia que eu não precisava mencionar palavra alguma para demonstrar
gratidão, estar ali, com fé já era um bom agradecimento. Ela sabia, eu sabia, o
meu mar desconhecido, eu fazia todos os dias e um dia quando eu atravessasse
todo aquele oceano, eu poria enfim todo o meu agradecimento por tudo,
pessoalmente. Ainda há tempo, eu tô só na beira do mar...
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