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7 de set. de 2012

A nudez do passado.



  Eu tirei toda aquela vestimenta pesada que cobria o meu corpo, aquele fardo carregado que me impedia de caminhar com leveza e me  levar aonde eu queria ir. Eu fiquei nua diante dos meus erros e resolvi rever cada um deles. Era eu, e aquele enorme espelho iluminado que me colocava diante de toda a minha vida, sem dó, sem culpa, sem roupa, sem desculpa, sem erros, sem omitir. Apenas eu e o que eu era. A falta de pudor e todas as coisas que estavam infectando o meu corpo.  Um por um, revivi toda as situações, cada gesto, cada palavra, cada canto, cada detalhe. Não chorei, não sorri, não engoli nada, não vomitei nada. Não me mexi, não me odiei. Eu me ajoelhei e agradeci...
     Eram tantas cicatrizes e dores que já não latejavam mais, tantas navalhadas no peito, na alma, no físico; que já não sangravam mais, que não sairiam dali, mas que não implicavam na beleza. Eram tantos pecados, mil rosários, mil novenas e algumas missas. Quantas velas então teriam de ser acessas para reparar aquele estrago?
   Eu já estava de pé. Eu já estava em mim, abraçando toda aquela exposição à luz, à vergonha. Eu estava diante de uma placa de titânio, de um paraíso que nascera de lágrimas, sangue e dor. Eu estava a frente de uma montanha, de uma geleira inquebrável. Eu era um vulcão semi desperto, cheio de vida e de tanta história para contar, cheia de coisas pra ver, com tanta experiência para repassar.  Eu já não me culpava, estava me amando, admirando toda a beleza das dores, das cicatrizes, dos medos, das conquistas. Eu me amava por tudo, pelas idas e vindas, pelas coisas boas e ruins. Eu me amava e tinha um grande respeito pela minha história, por aquele interminável livro de conto de fadas aonde eu era a princesa, o príncipe, a bruxa, o castelo e o final feliz.
   Eu enterrei meu passado em paz, junto, os problemas, com tudo, vesti-me de um vestido de linho amarelo, e sem me importar com o que aconteceria, prometi que não voltaria aquela lápide nem pra me lamentar, tampouco para levar-lhe flores. 

   

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