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3 de nov. de 2012

Crônicas de Amores Contemporâneos II

                                                            Conto II
                                                           Ter um Filho

- Você está tomando seu remédio, certo? – Ele a olhou a meia luz e perguntou.
- Sim, eu não paro de tomar! – Ela respondeu.
- Não podemos ter um filho agora! – Ele disse assustado.
- Eu sei, nem temos idade ou estrutura...


      Ficaram em silêncio, não se tratava de ter um filho, todo aquele processo de gravidez, de contar para os pais, o parto, o possível “casamento” para cuidar juntos do bebê. Não era a responsabilidade, o emprego, ter que largar os estudos e nem abrir mão da juventude. Era o medo de como educar e alicercear uma nova pessoinha nesse mundo indigno e cheio de maldade. O  medo era de não saber como educar corretamente uma pessoa que chega do nada, se forma do ‘nada’ e necessita de você para tudo. Comer, se vestir, se limpar, falar, aprender, viver...
   
      Ter um filho para  era uma escolha, também um envio de Deus. Um empurrão para um desafio à beira de um penhasco, uma corda bamba sem direito à volta. Ter um filho no início daqueles vinte anos era a troca do ‘nós’ para sermos ‘todos nós’, e deixar de ser a preguiça de dormir até tarde ou ficar na cama sem fazer nada até mais tarde, para se tornarem: alguém pulando na sua cama às sete da manhã de meinhas, pedindo um ‘tetê’, cheirando a leite e dizendo – bom dia, mamãe.
      
       Para eles dois e para aquele silêncio que ficou no quarto depois do susto era mais que assustador, era o medo de ter nos braços um bebê com menos de sessenta centímetros e que a partir daí, você deixa de ter a sua vida para ser a vida dele e ele ser a sua vida. Não estavam prontos, não era pra ser. Não tinha como... Ainda precisavam muito um do outro para aprender e, quem sabe, lá na frente poder repassar tudo para o seu bebê.
     
      Ter um filho não era ter uma foto de um bebê bem arrumadinho no facebook ou colocar uma roupinha descoladinha e leva-lo ao shopping [...] Ter um filho ultrapassa qualquer expectativa e coloca dentro do peito um medo tão grande e inexplicável que se iguala a felicidade, não a de ter um filho em si, mas a felicidade de ter a capacidade de formar mais um grande homem para a sociedade e ter a certeza de que seu trabalho está feito corretamente quando ele não se entregar  aos leões da nossa selva de pedra.

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